Compartilhar

Por algum motivo, eu me levei a acreditar ao longo dos anos, que compartilhar aproxima as pessoas. Pra mim, essa é uma das minhas formas de envolver a pessoa na minha vida e de eu me envolver na vida dela. Eu creio que os laços ficam mais apertados quando você divide suas tristezas e vitórias, e que a pessoa também sinta-se a vontade para fazer isso com você.

Com o último ano, eu tenho começado a rever os meus conceitos de compartilhamento e a noção que eu tenho de proximidade com alguém.
Não são todas as pessoas que estão prontas para ouvir uma história ou um insight de vida. Não é todo mundo que vai ouvir aquilo e entender que o propósito do compartilhamento de uma história, que não é o de se autoprojetar, se exibir ou comparar. Mas sim de promover o debate, apresentar novas ideias de como lidar com um problema, ou então mesmo que seja para inspiração.
Muitas vezes eu me encontrei muito infeliz em um aspecto da minha vida, e vi quase todos os meus amigos próximos bem resolvidos naquele mesmo aspecto. E quando eles vinham compartilhar algo feliz sobre aquilo que me faltava, não vou negar: eu me lembrava da minha tristeza em não ter conseguido alcançar aquilo ainda, ou mesmo achar que eu nunca conseguiria. Mas isso durava um segundo somente, no segundo seguinte, eu ficava feliz pela pessoa e via aquilo como uma inspiração, como um motivo para ter esperanças. Eu pensava que se aquele amigo conseguiu encontrar aquilo, eu quem sabe também poderia um dia. E mesmo que a vida não reservasse aquilo pra mim, ao menos eu tinha um pouco de fé na humanidade, em saber que aquilo existe e é possível – mesmo que meu rumo fosse diferente.

Eu sempre fui bem precoce no meu meio, passando primeiro por várias situações que meus amigos viriam a passar ainda anos depois. Por conta disso, eu sempre me senti muito sozinha enquanto eu estava enfrentando uma situação nova, e me arrepiava a ideia de ver alguém que eu amo passando por isso sozinho e desamparado. Com isso, eu comecei a dividir meus insights, superações ou mesmo coisas triviais como dicas e ideias.

Na minha vida adulta, eu fui levada a crer que contar a minha história poderia ajudar outras pessoas, pois recebi vários retornos calorosos de amigos, conhecidos e mesmo estranhos, de que eles se sentiram mais acolhidos e encorajados depois de eu contar como me senti diante de determinada situação. Com esse incentivo, eu fui me abrindo mais e tentando encontrar mais sentimentos e situações universais, que as pessoas passam e não sabem como explicar. Ou mesmo, como ressignificar aquele acontecimento em suas vidas. Mais recentemente eu entendi como eu posso ter passado do limite saudável com várias pessoas, e ao invés de fazê-las sentir melhor e ajudá-las, eu acabei errando a dose e até mesmo as prejudicando. E por isso, eu sinto muito. Uma vez alguém me disse que quando você passa por uma grande evolução, você explode por dentro e quer gritar pro mundo inteiro ouvir. Essa mesma pessoa também uma vez me disse que, quando você está passando por um processo contínuo de mudanças, você acha que todo mundo está mudando junto com você, até perceber que muita gente ficou pra trás seguindo seus próprios caminhos.

Ao mesmo tempo, isso me fez repensar o que é a minha “linguagem do amor”. Grande parte da minha linguagem do amor consiste no ensinar e compartilhar. Não quero entrar aqui no detalhe de como eu fui criada, mas o fato é que eu entendo lá no fundo, que ser aberto sobre sua vida e contar ensinamentos, faz parte do amar e se importar. E eu no fundo, espero que as pessoas também dividam seu conhecimento e histórias comigo, não acredito em via de mão única. Além disso, eu tenho a mente bastante agitada e gosto de conversar sobre grandes ideias e sobre o funcionamento humano. Eu sinto uma conexão maior com as ideias quando eu tenho um escape pra a comunicação, seja digitando palavras ou falando pessoalmente com alguém.

Então, se eu exponho muitas ideias e acontecimentos da minha existência aqui, saiba que é minha forma de processar pensamentos e especialmente de me importar com os que estão ao meu redor. Se eu escrevo em um blog, é porque eu espero que mesmo em segredo, aquela mensagem chegue a alguém que precisa naquele momento. Ser essa pessoa cheia de personalidade – mesmo que as vezes errando a dose – é o que eu sempre desejei ser.

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